Sociedade

Eliminação das desigualdades de género levará 132 anos, se nada mudar

Eliminação das desigualdades de género levará 132 anos, se nada mudar
tommy

Índice global de disparidade de género ficou nos 68,1% em 2022. Portugal ocupa a 29.ª posição na lista do Banco Mundial

O processo global em direção à paridade na economia, educação, saúde ou participação política é tão lento que, ao ritmo atual, serão necessários 132 anos para eliminar as desigualdades de género, alertou hoje o Fórum Económico Mundial.

O relatório sobre as disparidades de género, que a instituição organizadora do Fórum de Davos prepara anualmente há 16 anos, indica que nos últimos 12 meses houve um ligeiro avanço face aos 136 anos calculados em 2021 o que, no entanto, não compensa os recuos ocorridos nos primeiros dois anos da pandemia de covid-19.

O índice global de disparidade de género, no qual uma percentagem de 100% significaria paridade total entre géneros e 0% a disparidade completa, ficou nos 68,1% em 2022.

No domínio da participação política (parlamentares, ministros e chefes de Estado segundo o género) é onde a diferença é maior (22%), o que significa que a presença dos homens é quase quatro vezes superior à das mulheres a nível mundial, um problema que no ritmo atual levará 155 anos para ser resolvido.

Na participação económica (igualdade salarial, presença na população ativa, trabalhadores especializados...) o índice também é relativamente baixo, em 60,3% e o Fórum Económico Mundial calcula que faltam 151 anos para a paridade ser alcançada.

Já no campo educacional (índices de alfabetização, escolaridade, etc.), o índice está mais próximo da paridade, com um subíndice de 94,4%, embora o relatório calcule que ainda faltam 22 anos para que seja alcançado.

Por fim, no que diz respeito à saúde e sobrevivência (esperança de vida e percentagens de homens e mulheres à nascença), a taxa é a mais elevada (95,8%) e, portanto, a diferença é menor, embora o relatório alerte que neste domínio tem havido um retrocesso geral que poderá levar a uma reversão.

“Corremos o risco de refazer permanentemente o caminho das últimas décadas e perder os retornos económicos futuros da diversidade”, realçou a diretora-geral do Fórum Económico Mundial, Saadia Zahidi, durante a apresentação do relatório.

O estudo elabora, como todos os anos, uma classificação dos países mais e menos iguais, sendo que a Islândia é o primeiro classificado pelo décimo terceiro ano consecutivo, seguido desta vez pela Finlândia, Noruega, Nova Zelândia, Suécia, Ruanda e Nicarágua.

Portugal ocupa a 29.ª posição, os Estados Unidos a 27ª e a Espanha a 17.ª, sendo que os países asiáticos ocupam geralmente posições na metade inferior, incluindo potências como China (102ª), Japão (116ª) ou Índia (135ª).

Numa classificação que engloba 146 estados, a República Democrática do Congo, Paquistão e Afeganistão ocupam os últimos lugares.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas